QUEM PAGA MAL PAGA DUAS VEZES

QUEM PAGA MAL PAGA DUAS VEZES

Há duas semanas escrevi que as Prefeituras estão cada vez mais sem recursos para atender a demanda crescente por serviços públicos dignos. Esse é um problema a ser enfrentado na discussão de um novo pacto federativo, mas hoje vamos tratar de outro grave problema: a baixa qualidade do gasto público.

É usual vermos notícias de autoridades fazendo a entrega de obras públicas, em solenidades cercadas de pompa e circunstância. Porém, após semanas, meses ou anos essas instalações continuam sem funcionar. Ao serem questionadas sobre a situação, apresentam justificativas do tipo: “estamos providenciando a compra dos equipamentos”; ou “houve um atraso na contratação de pessoal”. E quando conseguem resolver, as obras já estão precisando de reformas, provocando novos gastos e atrasos. Enquanto isso, a população “paga o pato” pela ausência daquele serviço!

Como se vê, os recursos, mesmo quando escassos, acabam sendo muito mal utilizados. Uma das causas desse problema, talvez a principal, é que boa parte de gestores e gestoras menosprezam os modernos instrumentos de planejamento e gestão, optando por exercer uma administração baseada no imediatismo.

Por outro lado, há diversas experiências de Prefeituras que melhoraram significativamente os resultados de suas gestões introduzindo três elementos básicos: elaboração de uma visão estratégica para o município; definições de metas e responsabilidades; equipes gestoras alinhadas e preparadas para fazer mais com menos.

Para definir a estratégia, é fundamental responder a algumas perguntas. Como queremos que o município esteja daqui a 4, 8 ou 12 anos? Qual legado será deixado ao final do mandato? De que maneira queremos ser reconhecidos pela população?

O próximo passo é definir as metas a serem alcançadas a curto, médio e longo prazos, as ações necessárias para seu cumprimento e quais pessoas serão responsáveis por sua execução.

Simultaneamente, há que se garantir o alinhamento das equipes gestoras à estratégia definida, bem como capacitá-las para que utilizem os recursos de forma eficaz, gerando os resultados esperados pela população.

Por fim, é imprescindível que a gestão seja baseada na transparência e no diálogo com a sociedade. Do contrário, continuará prevalecendo o ditado popular que dá título ao artigo.

Orlando Thomé Cordeiro é consultor em estratégia

Artigo publicado no jornal O Dia em 26/04/2019

https://odia.ig.com.br/opiniao/2019/04/5636804-quem-paga-mal-paga-duas-vezes.html

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