DESCULPAS NÃO COLAM

DESCULPAS NÃO COLAM

Há pouco mais de dois meses publiquei um artigo mostrando a ineficácia de gestões públicas que costumam promover solenidades cercadas de pompa e circunstância, anunciando o início de uma obra e, passados meses ou anos, restam apenas esqueletos urbanos e a população desassistida nos serviços que ali deveriam ser oferecidos. Infelizmente, é um cenário bastante conhecido pela sociedade, até mesmo devido à ampla divulgação na mídia em geral.

Surge, então, a pergunta: por que isso acontece? Para responder, recorro ao levantamento realizado pelos 33 Tribunais de Contas do país, uma iniciativa da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon). Em fevereiro e março últimos, foi analisada a situação de obras iniciadas a partir de 2009 e com valores superiores a R$ 1,5 milhão. Por esses critérios, detectaram 2.555 obras paralisadas ou suspensas decorrentes de decisões judiciais ou administrativas, quando emanadas pelos respectivos Tribunais de Contas. Os valores contratados somam o espantoso valor de R$ 89.559.633.165,90!

Com essas informações, cada Tribunal de Contas identificará as obras consideradas prioritárias, especialmente nas áreas de saúde e educação, para aprofundar a análise sobre as causas. A boa notícia, é que, segundo o presidente da Atricon, a intenção principal é encontrar meios para destravar essas obras, a fim de que a população possa se beneficiar de serviços públicos de qualidade.

Ressalto que o próprio levantamento já indica algumas informações relevantes sobre as causas das interrupções. Em 20,9% dos casos, teriam sido problema com os repasses, enquanto 20,5% indicaram pendências com a empresa contratada. Chamou minha atenção que, em 19,1% das situações, a razão foi falha no processo de planejamento. Com base nas minhas experiências como consultor junto a Prefeituras afirmo: este é o principal nó a ser desatado! Lamentavelmente, na maioria das administrações municipais tem prevalecido o imediatismo. E diante de situações como obras paradas, falta de docentes nas escolas ou péssimo atendimento nas unidades de saúde, só lhes resta procurar justificativas e em quem colocar a culpa.

Em 2020 teremos eleições municipais. Mais do que nunca, a população estará atenta e seu recado tende a ser uníssono: DESCULPAS NÃO COLAM!

Orlando Thomé Cordeiro é consultor em estratégia

Artigo publicado no jornal O Dia em 10/07/2019

https://odia.ig.com.br/opiniao/2019/07/5661858-orlando-thome-cordeiro–desculpas-nao-colam.html

 

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